O adultério e a fornicação são considerados pecados em todas as
religiões. A Bíblia decreta a sentença de morte para ambos os adúlteros
(Levítico 20:10). O Islam, igualmente, pune tanto o adúltero como a
adúltera (24:2). Contudo, a definição alcorânica é muito diferente da
definição bíblica. O adultério, de acordo com o Alcorão, é o
envolvimento de um homem casado ou uma mulher casada em um caso
extraconjugal. A Bíblia somente considera adultério o caso extraconjugal
de uma mulher casada. (Levítico 20:10, Deuteronômio 22:22. Provérbios
6:20/7:27).
"Se um homem é encontrado dormindo com a esposa de outro homem,
ambos devem morrer. Deve-se expurgar o mal de Israel" (Deuteronômio
22:22).
"Se um homem comete adultério com a esposa de outro homem, ambos,
adúltero e adúltera devem ser colocados para morrer" (Levítico 20:10).
De acordo com a definição bíblica, se um homem casado dorme com
uma mulher solteira, isto não é considerado crime de forma nenhuma.
O homem casado, que tem relações extraconjugais com mulheres
solteiras, não é um adúltero e as mulheres solteiras envolvidas com ele
não são consideradas adúlteras. O crime de adultério é cometido somente
quando um homem, seja casado ou solteiro, dorme com uma mulher
casada. Neste caso, o homem é considerado adúltero, mesmo que ele não
seja casado, e a mulher é considerada adúltera. Em resumo, o adultério é
qualquer ato sexual ilícito envolvendo mulher casada. O caso
extraconjugal de um homem casado não é, de per si, um crime na Bíblia.
Por que este padrão moral duplo? De acordo com a Enciclopédia Judia, a
esposa era considerada como posse de seu marido e o adultério constituía
a violação do exclusivo direito do marido sobre ela; a esposa, como posse
do marido, não tinha direito sobre ele (1). Quer dizer, se um homem
tinha uma relação sexual com uma mulher casada, ele estaria violando a
propriedade de outro homem e, assim, deveria ser punido.
Nos dias atuais em Israel, se um homem casado se entrega a um caso
extraconjugal com um mulher solteira, seus filhos com esta mulher são
considerados legítimos. Mas, se uma mulher casada tem um caso com
outro homem, seja casado ou solteiro, seus filhos com este homem são
considerados ilegítimos e bastardos e são proibidos de casar com
qualquer outro judeu, exceto com os convertidos e com outros bastardos.
Este impedimento cessa após a 10ª. geração, quando se presume que a
mancha do adultério enfraqueceu-se (2).
O Alcorão, por outro lado, nunca considera uma mulher como posse de
qualquer homem. O Alcorão eloquentemente descreve a relação entre os
esposos dizendo:
"E entre os Seus sinais está que Ele criou para vós companheiros de entre
vós mesmos, os quais vós podeis habitar em tranqüilidade com eles e Ele
colocou amor e misericórdia em vossos corações: verdadeiramente, nisto
há sinais para aqueles que refletem" (30:21).
Este é o conceito alcorânico de casamento: amor, misericórdia e
tranqüilidade, não posse e padrões duplos.
Fonte: A mulher no Islam المراه في الإسلام
Fonte: A mulher no Islam المراه في الإسلام
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Jeffrey H. Togay, "Adultery," Encyclopaedia Judaica, Vol. II, col.
313. Também, ver Judith Plaskow, Standing Again at Sinai: Judaism
from a Feminist Perspective (New York: Harper & Row Publishers,
1990) pp. 170-177.
2. Hazleton, op. cit., pp. 41-42.
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