As metas e
ensinamentos do Islam vão além de qualquer assunto legal deste mundo. O Islam
busca criar certo tipo de indivíduo, um indivíduo que tenha uma forte e
adequada relação com Allah (ﷻ). Há vários pontos importantes relacionados com esta
característica.
Primeiro, no
islam, o muçulmano tem uma relação direta com Allah (ﷻ).
Allah
(ﷻ) disse:
“Quando Meus servos te
perguntarem de Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei o rogo do suplicante
quando a Mim se dirigir. Que atendam o Meu apelo e que creiam em Mim, a fim de
que se encaminhem.” (2:186).
“E o vosso Senhor disse:
Invocai-Me, que vos atenderei! Em verdade, aqueles que se ensoberbecerem, ao Me
invocarem, entrarão, humilhados, no inferno.” (40:60).
Portanto, não existe nenhuma
classe sacerdotal no Islam. A pessoa ora diretamente a Deus, sem nenhum
intermediário.
Quando um muçulmano busca o
perdão, busca diretamente de Deus, sem que nenhum ser humano lhe diga se seu
arrependimento é suficiente ou se será aceito por Deus.
Quando um muçulmano necessita
algo, recorre diretamente a Deus, sem que tenha que depositar sua confiança em
outro que não seja Ele. Quando um muçulmano quer ler a revelação e orientação
de Deus, lê o Qur’an e a Sunnah, podendo lê-los ele próprio.
Não é necessário recorrer a
semideuses ou clero. Tudo ocorre entre a pessoa e seu Senhor. Esta relação
direta com Allah dá muita segurança e confiança.
Não existe
ninguém, afora Allah (ﷻ), a quem a pessoa adore
e ninguém que possa interferir nesta adoração a Allah (ﷻ).
De qualquer
forma, Allah está disponível e o indivíduo pode recorrer a Ele em qualquer
momento para pedir-lhe ajuda, orientação ou perdão.
Esta relação direta com Allah
se estende a todos os atos praticados pela pessoa.
O muçulmano
sabe que Allah (ﷻ) não somente vê suas
ações exteriores, como também está totalmente inteirado de todas as intenções e
sentimentos que há em seu coração.
Por
isso, devido a esta relação direta com Allah (ﷻ), o muçulmano tenta realizar todos os atos com o intuito de
agradar a Allah (ﷻ).
Desta maneira, a
atividade mais mundana pode se converter em um ato que agrade a Deus, caso seja
feito com as condições corretas do coração.
O muçulmano começa seu dia
através de sua relação próxima com seu Senhor, assegurando-se de que realiza
atos que são permissíveis ante o Senhor.
Esse é o objetivo e a
intenção do muçulmano, pois este é consciente disto e sabe que compraz a Allah mesmo
com a mais simples das ações. Assim, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah
estejam com ele) disse:
“Tudo o que for gasto em nome
de Allah será recompensado, ainda que seja um bocado que ponhas na boca de sua
esposa.” (Bukhari).
Quando a pessoa entende este
conceito da sua proximidade com Deus e a capacidade de transformar as
atividades mundanas em atos que agradem a Deus, mudam por completo seu ponto de
vista e comportamento.
Começa-se a realizar cada ato
de forma diferente, consciente de que o faz em nome de Deus. Lamentavelmente,
muitas pessoas neste mundo se esquecem, por completo, deste ponto.
Em seu livro Madaariy as
Saalikin, Ibn Qaiim disse:
“O grupo mais seleto de
pessoas que se aproximam de Allah são aquelas que mudam a natureza de seus atos
permitidos, convertendo-os em atos de obediência a Allah... As ações cotidianas
daquelas pessoas que verdadeiramente conhecem a Allah são (para elas) atos de
adoração, enquanto que os atos de adoração são ações cotidianas para as
massas.”
O que é dito é muito certo.
Desafortunadamente, muitas pessoas encaram as orações, o jejum e outros atos de
adoração como simples ações cotidianas que devem ser feitas apenas por serem
parte da cultura ou da forma de vida. Não têm uma intenção forte em seu coração
ou um sentimento que estão a fazê-lo por Allah. Se a qualidade do ato é pobre,
não lhes interessa muito porque o fazem apenas para se livrarem dele.
Assim, esses importantes
rituais de adoração se transformam em costumes sem nenhum significado ou efeito
para estas pessoas. Aquele que verdadeiramente conhece a Allah está no extremo
oposto. Incluindo a mais “mundana” das ações que realiza está cheia de intenção
e vontade. Dessa maneira, converte-se em ato de adoração que agrada a Allah (ﷻ).
Por exemplo, quando uma pessoa vai dormir e o faz com a intenção de recuperar
as energias para continuar trabalhando por Allah (ﷻ). Assim, seu sono se converte
em um ato de adoração a Allah (ﷻ).
Na
realidade, pode-se levar este assunto a um passo além. Disse Allah (ﷻ), no Qur’an:
“Ele está sempre atendendo
aos assuntos de Sua criação.” (55:29).
Em outras
palavras, a todo o momento Allah está criando, distribuindo, provendo, dando
vida e morte, etc. sem dúvida, em geral, o indivíduo não vê a Allah (ﷻ) por trás dessas ações que o rodeiam.
A
pessoa, hoje em dia, perdeu a sensibilidade e crê que todas essas coisas
acontecem por sua causa ou por alguma lei independente da natureza. Isso, na
realidade, não está certo. Essas “leis da natureza” não são mais que a
atividade de Allah (ﷻ) em todo lugar ou
tempo.
Em
muitas passagens do Qur’an, Allah (ﷻ) pede aos seres humanos
que observem o cosmos que os rodeia.
Por exemplo,
Allah (ﷻ) menciona a pequena abelha ou o movimento das sombras.
Muhammad Qutb sustenta que o
objetivo de Allah não é dar uma lição sobre estes pontos. Estão ali apenas para
despertar o ser humano e fazê-lo entender sobre o que realmente acontece e unir
seu coração e suas atividades cotidianas ao seu Senhor e Criador. Qutb disse:
“a concentração da humanidade
na causa aparente distrai as pessoas de ver a realidade maior por trás: a
vontade de Allah que, se diz a algo “Sê”, assim é. Ignoram esta vontade maior e
denominam “leis da natureza” às leis [de Allah] e dizem que são fixas e
inevitáveis. Ficam estupefatos com essas experiências limitadas e, portanto,
Allah se afasta de seus corações. E, então, é quando trazemos a expressão
qu'rânica “trazendo-os novamente a Allah”... a ciência nos diz, baseada nas
causas externas que observamos, que a existência do sol e a rotação da terra ao
seu redor são a causa do “movimento” das sombras. Mas a expressão qu'rânica nos
diz que é a vontade de Allah que move as sombras, em primeiro lugar e logo o
sol é localizado como uma orientação para a sombra. Assim, a causa aparente não
é a fonte original, senão que vem depois... De fato, vem depois, através da
palavra “então”, depois que Allah já havia decidido sobre aquele assunto,
mediante Sua vontade, ordenando a algo que fosse.”
De fato,
afirma Qutb, o resultado deste enfoque qu'rânico é muito claro. Na realidade, o
conhecimento que se tem, por exemplo da abelha ou da sombra, não muda ao se ler
os versículos do Qur’an, naqueles trechos que Allah (ﷻ) os menciona. O conhecimento próprio não muda,
mas sim, muda a pessoa, afirma Qutb. Assim ele escreveu:
“Acaso a informação que vocês
têm sobre as sombras ou as abelhas muda quando lêem estes versículos? A
informação em si não é nova. Já era conhecida de antemão. Sem dúvidas, era um
conhecimento morto, frio, inerte, uma informação que não comovia. Mas, o Qur’an
traz esta informação e apresenta-a em um entorno emotivo, de forma milagrosa e
de tal maneira que muda a perspectiva da pessoa como se não fosse o que já
conhecíamos anteriormente. A informação não mudou, senão nós fomos os que
mudamos...”
Para o novo muçulmano, esta
pode ser uma maneira totalmente nova de ver o mundo e fazer alguns ajustes.
Muitos não muçulmanos não vêem a participação de Deus neste mundo e, portanto,
não sentem uma relação direta com Deus.
À medida que
o novo muçulmano analisa mais profundamente o Qur’an esse sentimento se
desenvolve mais. Verá a obra de Allah (ﷻ) em tudo que o rodeia.
Isto o fará recordar de Allah (ﷻ), então ele não mais
ignorará a obrigação que tem para com Ele. Com a graça de Deus, levará sua vida
de forma muito diferente à que levava antes de sua conversão ao Islam.
Fonte: oislam.org
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